terça-feira, 20 de agosto de 2013

Mãe também sofre disso?




 

Na semana passada o Ian completou 8 meses. Ele ainda está sentindo os efeitos da descoberta do próprio corpo, do próprio EU; ele ainda teme a separação da nossa díade mamãe-bebê. Mas o mundo tem se mostrado tão interessante, a vida tão gostosa e curiosa, que a ansiedade dele melhorou bastante. Ele está finalmente se preparando para conhecer esse mundo que há fora da mamãe. Só que a mamãe aqui está totalmente imersa no mundo bebê.

Antes de retornar ao trabalho, eu ansiava por uma vida além do bebê, por um tempo só meu para fazer o que eu quisesse, por momentos da vida de antes. Daí, voltei a trabalhar e tudo que eu mais quero era estar com o Ian. Os vestígios da vida de antes se foram; o que eu desejo fazer com o meu tempo é estar com o Ian; vida além do bebê não há. Criamos um mundo só nosso e esse mundo me conquistou, tomou conta do meu ser; não há maior prazer do que estar junto ao meu bebê, inserida no nosso mundo.

Todos os dias eu dirijo para o trabalho com um nó na garganta, com uma sensação de vazio, como se faltasse a parte mais essencial do meu ser. No trabalho, eu não desço para almoçar, não saio da minha sala, não quero perder um minuto a mais longe do Ian. Quando alguma colega puxa conversa, meu assunto é só o bebê (elas devem me achar uma chata). No término do expediente, eu corro para casa para reencontrar meu pequeno. Não me permito parar no caminho. Não consigo mais ir à academia. Não faço compras. Não vou ao cinema. Até hoje, nunca saí para jantar ou almoçar sem o Ian. Não consigo dormir longe do bebê. Todo o meu tempo fora do trabalho é dele; é com ele que eu quero estar.

Isso tudo parece lindo. Para mim é! É lindo e suficiente. Mas logo deixará de ser para o Ian. Ele quer crescer, quer viver, quer ter acesso ao mundo que existe fora de mim. Ele precisa disso; ele merece isso. E embora para mim viver a díade seja suficiente, seja o que eu mais quero, eu sei que preciso me desprender, que preciso visitar novamente o mundo de fora.

A vida nunca voltará ser como era antes. Ela será para sempre diferente. Agora eu sou mãe. Mas sou também esposa, filha, neta, amiga, mulher. Preciso reencontrar esses outros pedacinhos de mim. Nunca imaginei que fosse tão difícil assim!

Estou sofrendo de ansiedade da separação. Mãe também sofre disso?

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