sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Para meu bebê



Filho querido,


Quase oito meses se passaram desde que você deixou de habitar meu ventre. Foram muitas conquistas. O tato, a visão, a voz, a coordenação das mãozinhas, a sustentação da coluna e do pescoço, a descoberta de novos alimentos e, mais recentemente, a locomoção (seja rastejando, seja capengamente engatinhando). 

Você percebeu que agora o ronco da tua barriguinha já se cala sem mamar, que agora já consegues alcançar um brinquedo sem a ajuda da mamãe. Antes eu era os teus braços, as tuas pernas, o teu alimento, a tua interação social, o teu descanso, o teu consolo, o TEU EXISTIR. Hoje já existes sem mim. E sei que você já sabe disso, sei que já percebesse que não somos um só. Sei também que quanto mais você reconhece que a tua independência está começando a ser construída, mais precisas de mim. E eu de você.

Por isso te digo, filho querido, não temas. Não tenha medo de alcançar o mundo, de alcançar a vida. Ela é tão gostosa. Não temas o teu próprio existir. Não temas a quebra da díade mãe-bebê. Pois embora não sejamos um só materialmente, estamos totalmente fusionados um ao outro de alma, de espírito, de coração. Você não habita mais o meu ventre filho, habitas, agora, todo o meu ser, cada pedacinho de mim. E assim para sempre será!

Com todo o amor do mundo, o amor apenas nosso,

Tua Mãe.

(Foto: Matusa)

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